A Tesoura Dimensional
A janela abriu e soltou um vento de inverno um tanto quanto incômodo. Era o meu alarme da natureza dizendo: “já chega”. Me livrei das cobertas que me prendiam na minha cama muito confortável e levantei para tomar um café. Segundos depois, ouvi meu irmão me chamando e provavelmente acordando todo o resto da casa:
- Larissa, ACORDAA!- Ele nunca está quieto, mas já me acostumei.
- Já acordei, Felipe!- Disse enquanto andava até a cozinha.
A cozinha é muito fria! Eu que não iria me arriscar a abrir a geladeira para pegar o leite. Terei que me contentar com o café puro mesmo.
De novo, uma janela abriu com o vento. Era muito azar para uma pessoa só! Nunca posso tomar um café calminha no meu canto...
- Ué? - Disse enquanto fui olhar para o lado de fora da janela - Há uma tesoura vermelha brilhante no meio das flores de minha mãe.
- Que estranho! Será que ela esqueceu a tesoura de novo? Mas essa aqui não parece com a dela... - Pensava enquanto olhava para a tesoura.
Decidi deixar isso de lado por uns minutos para poder tomar meu café. Assim que o acabei, lembrei que tinha que cortar umas imagens para o trabalho de Geografia. Que sorte que achei essa tesoura, tinha perdido a minha antiga.
Subi as escadas com a tesoura na mão direita e a mochila na esquerda. Quando cheguei no último degrau, meu irmão apareceu na minha frente, do nada!
- Que susto!- Pulei e soltei minha mochila.
- Oi! Você acordou!- Ele dizia com um sorrisinho.
- Depois dessa, tenho certeza que sim.- Acariciei a cabeça dele, peguei a mochila e entrei no quarto.
Chegando no meu “ninho” abri a mochila, peguei meu caderno e tirei as imagens dele. Assim que comecei, uma luz muito forte apareceu no quarto e soltei a tesoura estranha.
-SENHOR DE DEUS! - Dei um grito mais alto do que o do Felipe.
Logo depois disso, a luz começou a fazer uns movimentos um tanto quanto assustadores.
- O que é isso?- Falava enquanto olhava para a luz.
A luz começou a tomar forma e abriu uma brecha nela. E nesse momento fui sugada com muita força para dentro dela.
- Ahh! – Gritava, tentando me segurar em qualquer coisa. – POR QUE FUI PEGAR ESSA TESOURA?!
Não consegui me prender a nada no quarto, então acabei entrando naquela luz maluca.
Lá dentro era muito diferente do que estava acostumada. Era tudo feito de doces!
- Senhor! Acho que preciso trocar de calças... - Olhei ao redor pasma – Meu sonho de ter comida para sempre se realizou!
Foi aí que senti um braço firme no meu ombro, olhei para trás e era uma princesa muito elegante. Peraí! Uma PRINCESA!?
- O-oi.- Disse e fiz um sorriso torto.
- Olá! Creio que você tenha algo que me pertence - Ela dizia enquanto fazia um gesto com as mãos em direção a tesoura.
Entreguei a tesoura a ela e olhei ao redor. Onde é que eu estava? Como vou voltar para a minha casa?
- Siga-me e não se preocupe. Vou levá-la para sua casa em breve. – Ela sorriu.
Depois de uma pequena caminhada, já estávamos em um quarto CHIQUÉRRIMO de um castelo.
- Antes de tudo, desculpe-me pela confusão. Essa é a minha tesoura dimensional que me leva para qualquer dimensão que queira, mas da última vez que fui viajar, na volta, acabei perdendo-a no portal.
- Tudo bem! Desde que você me leve para a minha casa de novo.
- Claro! – Neste momento, ela usou a tesoura no ar e fez abrir um grande portal brilhante com a visão do meu quarto. – Adeus!
- Adeus!- Disse e entrei no quarto animada.
Quando olhei para trás o portal já havia se fechado. Que pena! Queria pelo menos ter visto a luz dele mais uma vez.
- Fazer o que, né? Felicidade de pobre dura pouco.
-Oi! Peguei sua folha!- Meu irmão segurava a folha com os trabalhos de Geografia.
- FELIPE DA SILVA! – Disse e corri atrás dele igual a uma louca.
Queria ter continuado na Terra dos Doces. Lá eu não teria que correr atrás do meu irmão e nem fazer trabalho de Geografia!
Lívia Keller cursa o 7º ano e escreve regularmente neste espaço.