As Quatro Emoções
Observei a neblina branca e pura adentrar janela;
Pude sentir o frio invadir o meu corpo nu de certezas,
O leve toque do inverno sobre minha pele pálida, que está para chegar, seguido da primavera
A qual anseio para florescer Minh'alma e meu corpo inteiro;
Renova-me, primavera, depois desse devastador outono em que transpareci todas as minhas fraquezas.
A faísca do verão apagou-se, assim como o sol se rende a lua:
Fui capaz de vê-la partir, apagar-se lentamente e não pude evitar.
Cai em prantos como uma criança ao ver o seu brinquedo quebrado em meio a movimentada rua,
Chorei, esbravejei, na falsa tentativa de soltar a fria mão que estava a me apertar.
Renova-me, primavera, depois desse devastador outono que me derrubou sem ter onde apoiar.
Apreciei o inverno, na ânsia da primavera, como uma louca a dançar,
Subi na janela da torre e observei a lua do mar:
“é interessante observar, o inverno congela meus pensamentos, minhas emoções,
mas nunca o vi congelar este mar”.
Deixei-me cair para não desmoronar,
Deixei-me cair para me banhar do luar.
Sobre a água rasa, andei;
Sobre o mar profundo, nadei;
Por má sorte ou bom azar, não pude me afogar
A faísca do verão, não totalmente apagada, me fez mergulhar.
Renova-me, primavera! Não deixe que meu corpo afunde mar adentro, não deixe minh'alma queimar.
Maria Letícia, ex-aluna do CAOP, jovem escritora, amante das artes e, na literatura especificamente, de autores como Alphonsus de Guimaraens e Vinícius de Moraes.